Medidas para a Eficiência Energética Meesi

Medidas para a Eficiência Energética

Descrição

Descortiçamento

A cortiça é um material de origem vegetal proveniente da casca dos sobreiros. São precisos 25 anos até que um tronco de sobreiro comece a produzir cortiça e a ser rentável. A partir de então, a sua exploração durará em média 150 anos.

No primeiro descortiçamento obtém-se uma cortiça com uma estrutura muito irregular e com uma dureza que a torna difícil de trabalhar. Esta é chamada de cortiça virgem, sendo utilizada em outras aplicações que não as rolhas (como pavimentos, isolamentos, etc.), já que está longe de apresentar a qualidade necessária para esse fim. O descortiçamento é feito de nove em nove anos, e só no terceiro descortiçamento é que se obtém a cortiça com as propriedades adequadas para a produção de rolhas de qualidade. É a chamada cortiça amadia ou de reprodução. A partir desta altura, o sobreiro fornecerá cortiça com boa qualidade durante cerca de século e meio, produzindo, em média, 15 descortiçamentos durante toda a sua vida.

Após o descortiçamento, as pranchas de cortiça são empilhadas ou na floresta ou em estaleiros dentro das instalações de uma fábrica. Aí permanecem expostas ao ar livre, ao sol e à chuva. Devem ser empilhadas sobre materiais que não contaminem a cortiça e que evitem o seu contacto com o solo. A madeira, por exemplo, pode transmitir fungos. Durante este período de repouso dá-se a maturação da matéria-prima e a cortiça estabiliza. 1

Processo Industrial

Consoante a qualidade da cortiça ela segue ou para a produção de rolhas ou de produtos destinados à construção civil e outras aplicações, como transporte, vestuário, desporto, entre outros.

Produção de Rolhas

Consoante o tipo de rolha produzida, a cortiça passa por diferentes etapas no seu processo de produção.

As rolhas de cortiça natural são fabricadas por brocagem a partir de uma única peça de cortiça. Após o período de estabilização, as pranchas de cortiça amadia são cozidas em água limpa e a ferver durante pelo menos uma hora, para limpar a cortiça, extrair as substâncias hidrossolúveis, reduzir a sua densidade e tornar a cortiça mais macia e elástica. Após a cozedura, a cortiça deve estabilizar durante duas a três semanas, para que estas aplanem e obtenham a consistência e teor de humidade necessários para a sua transformação em rolhas. O teor de humidade ideal para o seu processamento é de cerca de 14 %.

Em seguida, as bordas e as arestas das pranchas são aparadas para se proceder a uma inspeção manual da qualidade, e separação consoante a espessura porosidade e aspeto. Depois, as pranchas são cortadas (rabaneadas) em tiras com uma largura ligeiramente superior ao comprimento da rolha a fabricar. As rolhas cilíndricas são obtidas por um processo de brocagem das tiras de cortiça e de retificação para se obter as dimensões finais e regularizar a superfície da rolha. Todos os desperdícios da fase de brocagem são aproveitados para granulado de cortiça.

A rolha passa então por um processo que controlo de qualidade, seguido de um processo de lavagem/desinfeção utilizando água oxigenada ou ácido paracético. Eventualmente, as rolhas poderão ser colmatadas, através da obturação dos poros na superfície das rolhas (lenticelas) com uma mistura de pó de cortiça resultante da retificação das rolhas naturais. Por fim, procede-se à marcação ou branding da rolha, consoante as indicações do cliente e trata-se a superfície da rolha com parafina ou silicone para facilitar quer a sua introdução na garrafa, quer a sua posterior extração pelo consumidor final. As rolhas são embaladas em sacos de plásticos repletos de SO2 (anidrido sulfuroso), um gás inibidor do desenvolvimento microbiológico.

As rolhas técnicas são produzidas a partir de um corpo formado por aglomerado de grânulos de cortiça, ao qual se aplica nos topos discos de cortiça natural. Os discos são obtidos a partir das duas faces das pranchas (a face mais rugosa e exterior da árvore – costas – e a que está mais junto ao tronco – barriga), que são cortadas em lâminas uniformes com cerca de 6,5 cm de espessura. Antes do corte as pranchas passam por um processo de cozimento idêntico ao utilizado para a produção de rolhas de cortiça natural. As lâminas são perfuradas mecanicamente em círculos e lavadas. Após a secagem, os discos são armazenados em silos até à sua utilização.

O corpo da rolha técnica é formado por grânulos produzidos a partir dos subprodutos de cortiça de grande qualidade e derivados da brocagem de rolhas naturais. Estes subprodutos são granulados em máquinas de trituração e obtêm-se grânulos com granulometrias diversas. Posteriormente, estes grânulos são aglomerados com uma cola de poliuretano de grau alimentar e o corpo é individualmente moldado ou obtido por extrusão, dando origem a bastões que são cortados à medida das rolhas.

Os discos e os corpos aglomerados são introduzidos em máquinas de montagem automática através de silos. Os discos são colados no topo do cilindro de cortiça aglomerada com uma cola, procedendo-se ao processo de secagem para assegurar que a cola está completamente seca, seguindo-se a fase de polimento ou retificação. Posteriormente, o processo de lavagem, seleção, acabamento (marcação) e embalagem é semelhante ao das rolhas naturais.

Outros tipos de rolha, como rolhas naturais multipeça, rolhas de champanhe, rolhas aglomeradas e microgranuladas e rolhas capsuladas, utilizam processos semelhantes aos das rolhas de cortiça natural ou das rolhas técnicas. 1

Produção de materiais de construção, decoração e design

A cortiça proveniente dos dois primeiros descortiçamentos (virgem e secundeira), das podas e limpeza dos sobreiros, bem como a cortiça que não é utilizada para a produção de rolhas de cortiça, é aproveitada para a fabricação de produtos destinados à construção civil e outras aplicações, como transporte, vestuário, desporto, entre outros. Os principais tipo de produtos são os aglomerados compostos e o aglomerado puro expandido.

Os aglomerados compostos, são constituídos pela aglomeração dos granulados de cortiça provenientes da primeira e segunda casca extraída do sobreiro que podem, também, ser misturados com outros materiais como borracha, plástico, asfalto, cimento, gesso, caseína, resinas, colas, dando origem aos aglomerados compósitos, obtendo-se assim uma grande diversidade de produtos, desde materiais de construção e decoração até à fabricação de tecido e papel de cortiça.

O aglomerado puro expandido, vulgarmente conhecido por “aglomerado negro”, é fabricado através de um processo de aglutinação de granulados de cortiça virgem, proveniente das operações de poda dos ramos do sobreiro, e que possui um teor de extrativos superior aos dos restantes tipos de cortiça, que funcionam como ligantes naturais. É conseguido com um processo industrial sem utilização de aditivos e é 100 % natural. 1

Medidas e Tecnologias para a Indústria da Cortiça

Tecnologia ou Medida

Impacto na Eficiência Energética

Estado de Desenvolvimento

Valorização de resíduos de cortiça para produção combinada de calor e energia

Sem Informação

Tecnologia Emergente

Medidas Transversais

A descrição detalhada de medidas gerais aplicadas à produção de artigos de cortiça, apresentadas em seguida, podem ser consultadas na secção Medidas Transversais.

Outras medidas que não se encontram descritas neste portal, mas que podem ser consultadas, incluem:

    Referências