Implementação de Sistemas de Monitorização e Controlo de Energia

A implementação de um Sistema de Gestão de Energia (SGE) constitui uma ferramenta essencial para o controlo e redução do consumo de energia. Este processo envolve um custo inicial de implementação, mas com um rápido retorno do investimento tendo em conta as possíveis melhorias de poupanças energéticas e produtividade. De facto, mudar a forma como a energia é gerida através da implementação de um programa de gestão de energia à escala organizacional, é uma das formas mais bem-sucedidas e rentáveis de introduzir melhorias na eficiência energética.

Os programas de gestão de energia permitem assegurar que as melhorias da eficiência energética não aconteçam apenas uma só vez, mas que sejam continuamente identificadas e implementadas num processo de melhoria contínua. Sem o apoio de um programa sólido de gestão de energia, as melhorias de eficiência energética podem não atingir o seu potencial máximo devido à falta de uma perspetiva de sistemas e/ou manutenção e acompanhamento adequados.

Os principais elementos de uma estratégia de SGE estão representados na figura em seguida.

SGE

Elementos principais na implementação de um SGE.

Com o objetivo de orientar as empresas na implementação de um SGE eficiente, a Organização Internacional de Normalização (ISO) desenvolveu a NP EN ISO 50001:2012 que define regras e metodologias para o desenvolvimento e implementação de uma política energética, metas para a utilização de energia e planos de ação para as atingir. A norma é aplicável a organizações de todos os sectores de atividade e todas as dimensões (das grandes às pequenas).

Em 2016, a Agência de Energia e Ambiente da Arrábida desenvolveu juntamente com diversos parceiros um Manual de Gestão de Energia que tem em consideração as indicações da NP EN ISO 50001:2012, servindo de suporte na implementação de Sistemas de Gestão de Energia baseados na adoção dos requisitos da norma. O Manual de Gestão de Energia pode ser consultado aqui. Em seguida, apresentam-se resumidamente a descrição dos principais passos para a implementação do SGE com base neste manual.

1. Declaração da Política Energética

A definição da política energética é definida pela gestão que deve estar inteiramente comprometida com a implementação e melhoria do SGE.  Isto envolve a criação de uma equipa de gestão de energia e a atribuição de funções de supervisão e gestão a um “Gestor de Energia”, um técnico nomeado pelo responsável da sua entidade. O Gestor de Energia é um dos elementos fundamentais para a aplicação do SGE, coordenando a sua implementação, desenvolvimento e controlo. As funções e responsabilidades do Gestor de Energia compreendem:

  • Definir, implementar e manter o SGE de acordo com a Política Energética da organização;
  • Identificar pessoa(s), devidamente autorizadas, que participem com um representante da gestão na formação de uma equipa de gestão de energia;
  • Garantir que os objetivos e metas do SGE estão definidas e que os indicadores utilizados são adequados;
  • Assegurar que os resultados são medidos e comunicados regularmente;
  • Reportar à gestão de topo sobre o desempenho do SGE;
  • Definir e comunicar as responsabilidades e autoridade, a fim de facilitar a gestão eficaz dos recursos energéticos;
  • Determinar os critérios e os métodos necessários para assegurar que a operação e controlo do SGE são eficazes.

2. Planeamento Energético

A elaboração de um planeamento energético que seja consistente com a política energética deve ser efetuada pela gestão que é também responsável por manter o processo documentado e atualizado. O processo inicia-se com a avaliação do consumo de energia, por forma a desenvolver uma linha de base de utilização de energia e estabelecer objetivos de melhoria. O planeamento energético engloba as seguintes tarefas:

  • Proceder a uma avaliação energética;
  • Identificar/rever os aspetos energéticos;
  • Identificar os requisitos legais e outros aplicáveis;
  • Definir objetivos, metas e o plano de eficiência energética assentes num procedimento;
  • Atualizar as versões da documentação.

3. Implementação e Operação

Após definidos os objetivos de desempenho, a organização deve estabelecer procedimentos e planos de ação para a implementação e operação do SGE:

  • Criar um procedimento para a implementação e operação do SGE por técnicos devidamente informados e com competências adequadas;
  • Elaborar planos de ação e mantê-los atualizados;
  • Identificar as necessidades de formação;
  • Definir as especificações de compra de energia;
  • Atualizar as versões da documentação;
  • Avaliar o impacto energético da conceção de instalações, equipamentos, sistemas e processos.

4. Verificação

Seguidamente, são postos em prática passos e procedimentos para avaliar o desempenho através de revisões regulares dos dados energéticos, avaliações técnicas, e benchmarking.

Periodicamente, a organização deve verificar se os meios e métodos de monitorização são apropriados e se estão a ser cumpridos os requisitos legais e outros aplicáveis. Tal é efetuado através da análise dos consumos de energia, dos indicadores de desempenho energético para avaliar a eficácia dos planos de ação e comparar o consumo real de energia face ao esperado. Todos os desvios significativos no desempenho energético devem ser investigados e solucionados.

5. Revisão pela Gestão

A gestão de topo deve rever periodicamente o SGE da organização para a elaboração de novos planos de ação, por forma a garantir a melhoria contínua da eficiência energética.